Autodidata na arquitetura, embora formado em engenharia, Mamani construiu dezenas de edifícios multiusos em El Alto, cidade periférica situada a 4 mil metros de altitude, ao noroeste de La Paz. São construções de seis andares que dominam o horizonte, com fachadas espelhadas e painéis de estuque pintados com cores complementares: laranja e verde, azul e amarelo. Uma paleta que contrasta com a cidade indistinta e a paisagem monocromática, fria e seca do altiplano. Os edifícios expressam a ascensão social de parte das comunidades pobres das sociedades latino-amaericanas, processo que na Bolívia se acentuou com o governo de Evo Morales. Emblemas desse novo protagonismo econômico e cultural, as construções de Mamani passaram a ser cahamadas, ironicamente, de Cholets, um jogo de palavras entre chalet e cholo, termo depreciativo que designa um indivíduo de origem indígena. a batalha semiótica afirma o estilo arquitetônico como um brega-chique nativo.
As imagens inscrevem o Cholet - Jogo de Palavras entre Chalet e Cholo - na paisagem urbana, evidenciando o disparate da escala, o desequilíbrio, a tensão. Revelam essa relação conflituosa entre o pertencimento e a inadequação, o ruído.
Dentro das obras de Freddy, busquei observar alguns padrões de cores e simetria, que me inspirou a buscar novos cenários e contextos para os edifícios, trazendo para a arte abstrata, junto a elementos construtivistas que resultou em "colagens", expressas digitalmente em esculturas 3D. Durante o processo criativo, busquei elementos em comum, assim trazendo uma identidade única para cada série. A paleta retirada dos trabalhos de Mamani, foram selecionadas de maneira diversa, buscando tons diferentes em cada série: Verde, água, primárias, terrosas quentes e frias. As esculturas expressam meu lado artístico, enxergando cores e formas em fotografias e arquiteturas, conceitos dos quais busco trabalhar e desenvolver cada vez mais em meus projetos gráficos, que transitam em meio a arte e utilizado em diversos suportes, como a colagem, cores, ilustrações e tipografia.
Trechos retirados do artigo de NELSON BRISSAC PEIXOTO, junto às fotografias de TATEWAKI NIO para a revista ZUM, 10ª edição. Saiba mais sobre a edição clicando aqui
